Alguns olhares já tinham sido trocados durante a semana, nada além disso. Na sexta-feira ela pensou: "Preciso arrumar uma forma de conhecer esse cara, pelo menos descobrir o nome dele." Seguiu em direção ao elevador do prédio e enquanto subia os 19 andares não tirava essa idéia da cabeça, foi quando a porta se abriu e ao sair deu de cara com ele.
- Bom dia! - ela disse de forma automática sem nem conseguir pensar direito.
- Bom dia!
"1 a 0" - pensou, e foi pra última aula daquele curso chatíssimo de Flash.
No coffee break os olhares ainda se cruzavam, e quando percebeu ele estava ao seu lado:
- Que curso você está fazendo?
- Flash. E você?
- Linux - respondeu ele objetivo.
- Legal. Trabalha na área?
- Sim, sou prof. de engenharia da computação.
Ela olha no relógio e vê que todos já voltaram pra suas salas ficando somente os dois no hall do andar.
- Percebi que você não sai pra almoçar... "putz, não devia ter dado na cara que prestei atenção nele esses dias" - pensou.
Ele riu e respondeu: - É, acabo comendo alguma besteira por aqui mesmo.
- Que pena! Tinha pensado em chamá-lo pra almoçar, mas já que você...
- Não! - ele respondeu - Podemos almoçar, sim. Encontro com você na frente do prédio?
- Perfeito.
"2 a 0" - pensou ela e só depois se deu conta que não haviam se apresentado. Riu sozinha...
No horário combinado se encontraram e foram até um restaurante próximo. Ela, preocupada em não cometer nenhuma gafe; ele, preocupado em comer apenas salada e grelhado. Ainda na fila do self service:
- Ah, antes que eu me esqueça - ela riu - meu nome é Vanessa.
- Prazer, Antonio - ele respondeu também com sorriso no rosto.
O almoço seguiu tranqüilo, conversaram sobre suas rotinas, seus planos, seus gostos e no caminho de volta pro curso ele perguntou se ela tinha algum compromisso depois do horário.
- Acho que não. Por quê?
- Tinha pensado em chamá-la pra beber alguma coisa aqui perto mesmo. Assim a gente conversa melhor, sem preocupação com horário. O que acha?
- Hum, vou ver e te respondo no coffe, pode ser?
- Ok.
É óbvio que ela não tinha nada pra fazer naquela sexta à noite, só não quis parecer ansiosa ou algo parecido. Confirmou o encontro durante o intervalo e contou os minutos até às 18:00.
Seguiram até o Café Creme, um bar na Av. Paulista, e entre um chopp e outro os olhares continuavam se encontrando sem nenhuma reação de qualquer um dos dois. Foi quando aquele silêncio chegou na mesa e o beijo, tão esperado, aconteceu. Trocaram telefone, e-mail, foram embora de mãos dadas, e seguiram cada um o seu lado após se despedirem com um beijo em meio ao movimentado metrô de SP.
[continua]