[...em construção...]

2.8.06

Caminhos Cruzados - parte II

Passou sábado, domingo, segunda e a vontade de vê-lo novamente era cada vez maior. Resolveu então ligar:

- Antonio? É a Vanessa, tudo bem?
- Oii, tudo e você?
- Tudo jóia. Deixa eu falar, você tem algum compromisso hoje depois do horário?
- Quem faz minha agenda hoje é você - ele riu - por quê?
- Tinha pensado em repetir a dose de sexta-feira...
- Por mim, tudo bem. Nos encontramos aqui mesmo?
- Pode ser, até mais tarde então.
- Ok, beijos.

Se encontraram no horário combinado e foram novamente ao Café Creme. Ela, desastrada, acabou derrubando chopp na calça dele, que riu e foi ao banheiro limpar o estrago.

"Eu sou um desastre mesmo." - pensou.

Ele voltou, rindo, e continuaram conversando. Por um momento ele ficou sério e disse que precisava dizer algo que talvez a deixasse chateada.

- Adorei ter ficado com você, mas tem um problema...

"Era bom demais pra ser verdade."

- ... eu namoro. Não que isso impeça de nos vermos novamente, mas sei lá... achei que não seria legal esconder isso.
- Ok... na verdade nem sei muito bem o que te dizer.
- Não precisa dizer nada. - e lhe deu beijo.

A conversa continuou meio desajeitada e, ao contrário do primeiro encontro, foram embora sem as mãos dadas e se despediram novamente no metrô.

Ela chegou em casa chateada, mas não era a primeira vez que isso tinha acontecido. Comentou com uma amiga que brincou dizendo que em meio a milhares de homens certos ela sempre escolhia o errado.

Ficaram 4 meses sem se encontrar e conversando raramente por e-mail, pois ele vivia ocupado com seus projetos no Doutorado e a elaboração das aulas na faculdade que ministrava. Ambos faziam aniversário em Maio e combinaram de se encontrar pra comemorar.

O frio na barriga foi o mesmo como se fosse a primeira vez. Um abraço forte, um beijo e nenhuma palavra até chegar no barzinho escolhido. Lá, riram, colocaram o assunto de tanto tempo em dia, e após várias taças de vinho resolveram ir embora. Foi uma das melhores noites que ela já havia vivido.

Cada um seguiu sua vida.

Após três meses, ela estava no trabalho com uma crise de soluço insuportável quando seu celular tocou. Não acreditou quando viu quem era (e o soluço parou na hora!).

- Alô. - Por favor a Vanessa?
- Quem gostaria?
- Antonio, um amigo dela...
- Antonio?! - ela perguntou com tom irônico - Ela não conhece ninguém com esse nome!
- Não? Tem certeza? É um moreno que ela conheçou no começo do ano...
- Ah, acho que me lembro muito vagamente - ela riu.
- E aí linda, como você esta?
- Ótima e você? - Também. Tá no trabalho?
- Sim, daqui a pouco já vou embora.
- É que eu voltei do Japão essa semana e pensei em te ver. A gente pode se encontrar hoje lá na faculdade?

Ela não acreditava.

- Pode ser. Que horas?
- Quando você estiver saindo daí me liga e combinamos.
- Ok, beijos.

E o 3º encontro aconteceu muito mais descontraído do que das outras vezes, pareciam mais amigos que amantes. Ele contou da viagem, do congresso que havia participado, de curiosidades dos lugares que conheceu, e sempre muito carinhoso entre um assunto e outro um beijo acontecia. Era impossível lembrar que ele namorava quando estavam juntos, ela esquecia de todo mundo ao redor. Pensava até em tentar conquistá-lo a ponto de ficar somente com ela, mas no mesmo instante achava que isso seria em vão.

Ele retomaria o Doutorado na semana seguinte e ela já sabia que um próximo encontro demoraria a acontecer, se acontecesse, e por isso aproveitou cada momento.

Nunca mais se encontraram.

Os olhares se cruzaram novamente 1 ano e 3 meses depois. Se encontraram, já não tinham mais assunto e ele contou que em menos de três meses seria um homem casado. Ela não quis pensar nisso e ficou com ele como alguém que precisava apenas de um beijo e alguns carinhos numa sexta-feira de verão. E foi assim que aconteceu: eles se amaram sem a preocupação do dia seguinte, sem o compromisso e sem ilusão.

Um beijo e 'Até Logo'.

Desde então mais nenhum contato aconteceu. Ele casou, e ela segue seu caminho sozinha e, por incrível que pareça, feliz.

FIM

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